quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Prof. Jorge Steinhilber em Entrevista ao jornal do professor

Com 16 anos de experiência como professor de educação física em escolas públicas e privadas, o presidente do Conselho Federal de Educação Física (Confef), Jorge Steinhilber, anuncia que 2009 é o Ano da Educação Física Escolar. Em entrevista ao Jornal do Professor, ele falou sobre a campanha Educação Física Escolar "Plantando cultura, cidadania e saúde". O ex-atleta, que jogou vôlei, basquete, tênis e, ainda, fez remo, aponta para o enfraquecimento da disciplina nas escolas. Aos 63 anos de idade, mestre em educação física pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ele ressalta a importância da disciplina como fator essencial de uma educação para uma vida saudável.
Jornal do Professor - Por que 2009 foi escolhido como o Ano da Educação Física Escolar?
JORGE STEINHILBER - A campanha que decidimos deflagrar é para chamar atenção mesmo. Há algum tempo nós temos percebido que a educação física escolar, tanto no Brasil quanto nos demais países, vem sofrendo uma depreciação por parte das políticas públicas. De modo geral, não estão dando a devida importância ao ensino da educação física escolar. Algumas secretarias vêm diminuindo sistematicamente a carga horária da disciplina, reduzindo-a a apenas uma hora por semana. Para se ter uma idéia do quanto isso representa, houve uma época em que eram obrigatórias três aulas por semana. Com aulas apenas uma vez por semana, os alunos não conseguem desenvolver um condicionamento físico adequado e muito menos aprender um esporte. Então, precisamos efetivamente fazer uma reflexão, um trabalho, no sentido de poder identificar a razão de ser dessa educação física escolar.
JP - Qual a importância da Educação Física Escolar?
JS - A principal função da escola é a formação da criança para ser um futuro adulto. No entanto, na escola, cada área tem uma especificidade: matemática trabalha com números, o português com letras e assim por diante. Já a educação física é a única disciplina que trabalha com o corpo, com movimento. Temos que formara criança para ser um futuro cidadão, compreendendo seu corpo, entendendo suas necessidades e o porquê de se movimentar. Por isso, a disciplina de Educação Física não pode ser somente uma atividade prática. Tivemos um período, 1960, em que a Educação Física era obrigatória três vezes por semana. Por que não foi legitimada? Porque não atendeu aos interesses das crianças. Na verdade, a educação física escolar não cumpriu o papel que deveria que é ode mostrar para a criança a compreensão da necessidade desse movimento.
JP - Há várias metodologias para ensinar Educação Física. Como tratar esta disciplina de forma transversal?
JS - Se a escola não tiver um conselho de classe integrado, nada acontece. É preciso que o professor esteja engajado no projeto político pedagógico da escola. É importante que cada professor saiba o que os demais estão fazendo. Não é difícil elaborar atividades que contemplem outras disciplinas. Mas é importante frisar que uma atividade não substitui a outra. Nenhuma outra disciplina consegue substituir a Educação Física, por causa do movimento. Se você deixar de ter a Educação Física, você causa um prejuízo sério para a criança porque ela deixa de vivenciar as circunstâncias necessárias. Precisamos conscientizar as pessoas para isso.
JP - De que maneira a educação física escolar pode contribuir para diminuir os índices de doenças cardiovasculares?
JS - Hoje as epidemias estão postas: obesidade, estresse, sedentarismo. A maioria delas é decorrente da falta de exercício físico. É aquela velha história, se você deixar a máquina parada, ela enferruja. O mesmo acontece com o nosso corpo: se você não irriga seu organismo, não tem compreensão disso, você automaticamente vai criar danos ao seu próprio organismo. A função da educação física escola é dar às crianças a oportunidade de vivenciar e identificar as atividades de que gosta. Se os estudantes tiverem a compreensão disso, eles vão buscar alternativas para suprir e, futuramente, praticar outras atividades.
JP - Em escolas onde não há infraestrutura de esporte, quais as atividades que podem ser praticadas?
JS - Respondo citando um caso bem extremo porque, de forma geral, a gente sempre pode procurar alternativa: uma praça na frente da escola, um clube desativado próximo à escola, entre outras tantas parcerias. Agora, partindo do pressuposto de que não há nada próximo: nem rua, nem praça, nada. A aula pode ser feita dentro da sala, basta puxar as cadeiras para o lado. Não é o ideal, muito menos o mais apropriado, mas não é inadequado. Desta forma, é possível que você trabalhe em sala de aula algumas vivências com as crianças, como jogos de salão, ginástica de solo e dança, além de passar filmes e fazer discussões. Tem uma infinidade de atividades que podem ser feitas sem ginásios e campos de futebol. O que proponho é levar o aluno a entender o que ele é e o que representa o movimento na vida dele. O principal é trabalhar com as crianças a importância das atividades.
Fonte: Instituto Alpargatas

Um comentário:

patrick leon disse...

É tambem é legal esse lance de esportes do professor.
Não é qualquer um que consegu ser o presidente no conselho federal e é de vital importancia a sua luta pela regulamentação da educação fisica no Brasil desde a década de 1980.
Hoje temos que educação fisica no Brasil como principal vetor para o desenvolvimento do esporte de resultados no Brasil,a criança se tonra um atleta de ponta já na escola,assim ainda não ocorre,más vai ser.